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Cidade Poéticas Rueiras

Aula aberta no Quartel de Congada Penacho.

Ancestral saber!

22/04/2025 21h57
Por: Alessandro Dornelos
Quartel de congada Penacho
Quartel de congada Penacho

Veio quem teve de vir!

 

Uma aula aberta no território sagrado no Quartel de Congada Penacho foi pisar silenciosamente sob um chão com muitos pés. Olhar Rafael Honorato, Danuzia mediar esse encontro no meio, no útero da quebra é simplesmente alinhar uma mudança que começa no centro periférico.

A imagem de São Benedito, os bastões e a espada de Capitão estão num altar recoberto por um tecido conhecedor dos afetos, dos caminhos entrecruzados no amô. Sob o altar a espada de São Jorge, as flores plásticas e as rosas vermelhas naturais indicam a singeleza poderosa dum sentir profundo.

Talvez eu não saiba escrever tão profundo, da maneira mais bonita que o Terno Penacho mereça de fato. A voz de Danuzia, a voz de Rafael falam de um Sankofa perto de nós. Trazem para a roda de cadeiras despareadas, cadeiras de praia, cadeiras de plástico e bancos de madeira uma voz de África em território uberabense.

Sob a lona branca estão as negras vozes do Rosário, da irmandade dum coletivo salvaguardor de tradições seculares sobre uma sombra carregada de muitos nomes ancestrais. O sentimento aquilombado no peito agiganta-se no coração artéria da Koréia.

Estar em roda, ouvir Mãe Bia de Oxumaré é aceitar um serpentear de movimento, de possibilidades, de enfrentamentos no agora. Estar em roda é ouvir o próprio silêncio, é aprender com o Capitão Pio e seu rosário de palavras benditas, é louvar a roda e circular o entorno para nos entendermos como participantes de uma gira de saberes afroriginaisbrasileiros.

Mãe Bia fala sobre os novos ancestrais! Isso me arrebata, pois assim como a vela queima durante a fala dessa Yalorixá grandiosa, a continuidade esperançosa de dias melhores estão garantidos na luta resistente de manhãs mais justas.

Rafael Honorato diz que ‘’eu preciso entender a saudade que existe dentro de mim’’. No fim, não sei se saberei escrever, descrever a grandiosidade dessa aula aberta do Penacho.

Ofereço minha palavra Rosariana ao terno Penacho. Como pouca palavra, peço bença a cada ser dançante desse batalhão Quilombo. 

Os Olhos de Rafael Honorato tem um brilho faísca de embate inteligente. Rafael alia, alinha, a quebrada e o centro, a comunidade ea universidade. Rafael caminha entre os mais velhos e mais novos, utiliza sua voz para ser extensão da sua comunidade.

Uma aula aberta de aprendizado, uma aula de escuta, uma aula de resistência.

 

Para conhecer o Penacho: @penacho_uberaba




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