Telemedicina para pets pode ser solução rápida para problemas pontuais

A telemedicina veterinária está se consolidando como uma inovação no Brasil e no mundo, impulsionada pelos avanços tecnológicos e pelas mudanças nos hábitos de consumo e cuidado com os animais de estimação. É o que explica o cofundador da rede Lobbo Hotels e da plataforma Trabalhe pra Cachorro, André Faim. 
Segundo o especialista, as consultas via telemedicina oferecem também aos bichinhos um novo horizonte para o acompanhamento da saúde, proporcionando mais agilidade e acessibilidade. O recurso está disponível nas assistências para pet.
“Essa tecnologia amplia o acesso a orientações médicas, reduz o tempo de resposta em situações emergenciais e auxilia tutores que vivem em regiões remotas ou enfrentam dificuldades de locomoção”, diz.
Conforme explica Faim, para casos de triagens, acompanhamentos de tratamentos já iniciados, ajustes de conduta e orientações gerais, o recurso “é legítimo e pode representar uma evolução importante na forma como cuidamos dos nossos animais”.

As vantagens do atendimento online
A veterinária Larissa Reis afirma que a telemedicina veterinária é um procedimento conveniente. 
“Para tutores com rotinas apertadas, dificuldades de locomoção, ou que vivem em áreas distantes de clínicas veterinárias, a consulta online se torna um facilitador. Imagine que você mora em uma zona rural ou tem um pet que se estressa muito ao sair de casa; a teleconsulta pode ser a solução para garantir que ele receba a atenção necessária”, ela diz.
Outro ponto positivo, explica Larissa, é a agilidade no atendimento. “Em situações não emergenciais, mas que geram preocupação, como um animal que está tossindo há alguns dias ou que parece um pouco apático, a telemedicina permite uma avaliação e orientação mais rápidas. Isso pode evitar que um quadro simples se agrave por falta de intervenção precoce”, explica.
Ambos os especialistas concordam que a telemedicina também se mostra eficaz para acompanhamento de tratamentos crônicos ou pós-operatórios. 
“Ajustes de medicação, avaliação da cicatrização de feridas ou monitoramento de doenças como diabetes podem ser feitos à distância, reduzindo a necessidade de deslocamentos frequentes à clínica e poupando tempo e estresse para o animal e o tutor”, detalha Larissa.
Para triagens iniciais, onde é preciso determinar a gravidade de um sintoma e se a visita presencial é urgente, a telemedicina oferece um filtro eficiente.

As desvantagens e limitações
Apesar dos benefícios, os especialistas elencam algumas desvantagens importantes na telemedicina. A mais crítica é a impossibilidade de realizar um exame físico completo. 
“Ao contrário de humanos, animais não conseguem expressar verbalmente onde sentem dor ou quais são seus sintomas exatos. Isso significa que informações vitais como a palpação de órgãos, a ausculta cardíaca e pulmonar com estetoscópio, a avaliação das mucosas (gengivas, por exemplo), a verificação da temperatura e a observação de sinais sutis que apenas um olho treinado e a mão do veterinário podem detectar, ficam comprometidas. Muitos diagnósticos dependem desses detalhes”, diz Larissa.

Outra desvantagem é a limitação em casos de emergência ou quadros agudos.
“Se um animal está com vômitos severos, dificuldades respiratórias ou sofreu um trauma, a telemedicina não é a ferramenta adequada. Essas situações exigem intervenção imediata, exames complementares (como radiografias e ultrassonografias) e, muitas vezes, internação ou cirurgia. A tentativa de resolver à distância pode atrasar um tratamento vital”, ela explica.
Segundo Paim, a confiabilidade da informação transmitida pelo tutor também pode ser uma barreira. Embora bem-intencionados, os tutores podem não ter o conhecimento técnico para descrever sintomas de forma precisa, ou podem não notar detalhes que seriam cruciais para o diagnóstico. A qualidade da imagem e do som durante a chamada também pode atrapalhar a avaliação.

Qual o ideal? Equilíbrio
A telemedicina para pets é uma ferramenta valiosa que expande as possibilidades de cuidado. Ela oferece conveniência e agilidade para certas situações, mas não pode e não deve substituir o atendimento presencial, especialmente em casos que exigem um exame físico detalhado ou intervenção imediata. 
Paim e Larissa afirmam que o ideal é que tutores e veterinários utilizem a telemedicina de forma complementar, buscando o equilíbrio entre a inovação tecnológica e a importância do contato direto para garantir a saúde e o bem-estar dos bichinhos.