INTRODUÇÃO
Conquanto o meteorologista J. de Sampaio Ferraz, “iniciador das primeiras cartas sinóticas do tempo e previsões meteorológicas no Brasil (1915)”, ressalte no ensaio “A Meteorologia no Brasil” (in “As Ciências no Brasil”, obra coletiva organizada por Fernando de Azevedo. São Paulo, Melhoramentos, s/d.), que a série climatológica de Uberaba tenha começado por Borges Sampaio e continuada por Draenert, as observações meteorológicas na cidade iniciaram-se muito antes, mesmo que ainda numa fase pré-científica.
DES GENETTES
Deve-se ao médico francês, Henrique Raimundo des Genettes (? – 1889), chegado à cidade em 1853 e pioneiro em tantas iniciativas em Uberaba, as primeiras observações meteorológicas no Brasil Central, conforme o insuspeito testemunho do visconde de Taunay: “Conhecia Desgenettes (sic), um tanto a fundo, mineralogia e geologia, e mostrou-me muitos cadernos de estudos no terreno e valiosas observações. Tinha, também, um trabalho sobre os fenômenos meteorológicos de Uberaba, principalmente trovoadas e quedas de raios muito frequentes aí, pelo que as casas são quase todas armadas de para-raios.” (“Memórias”. São Paulo, Iluminura, 2004, p. 183).
FREI EUGÊNIO
Frei Eugênio Maria de Gênova (1812 – 1871), chegado a Uberaba em 1856, também efetuou observações sobre o clima da cidade, sendo que “dos fenômenos meteorológicos, anotava os extraordinários – a chuva, o frio, as tempestades, o calor excessivo [já naquele tempo?], mas tudo sem graduação”. (Borges Sampaio. “Uberaba: História, Fatos e Homens”. Uberaba, ALTM, 1971, p. 175).
FREI GERMANO
Frei Germano d’Annecy (1822-1890), “dos maiores matemáticos e astrônomos do mundo” (Hildebrando Pontes), que residiu e atuou intensamente em Uberaba de 1878 a 1885 aproximadamente, efetuou a partir de 1879 observações meteorológicas na cidade, o que, também é acentuado por Taunay nas “Memórias”, publicando-as nos jornais locais “Gazeta de Uberaba”, “Correio Uberabense” e “Monitor Uberabense”.
BORGES SAMPAIO
O admirável Antônio Borges Sampaio (1827-1908) dedicou-se, além das inumeráveis atividades que desenvolveu na cidade, por 30 (trinta) anos a estudos meteorológicos, possuindo até observatório particular, visitado, por entre outros, o conde d’Eu e os cientistas Lecaille, Azevedo Pimenta e Luís Cruls, estes quando estiveram na cidade na comitiva que foi fixar, em Goiás, a área da futura capital do país.
Borges Sampaio remeteu mensalmente ao “Jornal do Comércio”, do Rio de Janeiro, do qual era correspondente, registros de extremos e médias diárias de pressão atmosférica, temperatura, tensão de vapor, evaporação, estado higrométrico, umidade relativa, ozone, extensão e densidade das nuvens, força e direção dos ventos, milimetragem das precipitações pluviométricas e de outros fenômenos atmosféricos.
Em seu livro encontra-se publicado um “Quadro Demonstrativo das Oscilações Meteorológicas” ocorridas em Uberaba de 1892 a 1896.
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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/
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