Um prédio que cai levando junto parte da história de Minas e deixando mais pobre o patrimônio cultural brasileiro. Pouco antes das 10h de ontem, aos olhos do mundo e bem perto do coração dos moradores de Ouro Preto, na Região Central do estado, o Casarão Baeta Neves, do fim do século 19, transformou-se em escombros a partir do deslizamento do Morro da Forca, que arrastou também o imóvel ao lado.
A perda imensa faz lembrar os versos de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) em “Morte das casas de Ouro Preto”. Escreveu o poeta mineiro, quase em tom profético, em 1951: “Sobre o tempo, sobre a taipa, a chuva escorre. Sobre as paredes que viram morrer os homens, que viram fugir o ouro, que viram finar-se o reino, que viram, reviram, viram, já não veem. Também morrem./Vai-se a rótula crivando como a renda consumida de um vestido funerário. E ruindo se vai a porta. Só a chuva monorrítmica sobre a noite, sobre a história goteja. Morrem as casas”.
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