Os começos da gloriosa UEU

Cesar Vanucci *

“Samir e Roberval eram os nossos líderes.”

(Hiran Sebastião de Oliveira, do grupo fundador da UEU)

A singela narrativa que se segue atende, com atraso de tempo mais que razoável, a uma solicitação do historiador Guido Bilharinho. Advogado brilhante, membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, personagem de realçante presença no cenário intelectual, Guido é autor, em prosa e verso, num punhado de livros e em espaço competentemente utilizado na mídia eletrônica de obra literária acolhida com aplausos. Lançou coleção primorosa sobre a história do cinema no Brasil e no mundo e editou a revista de poesia “Dimensão”, distribuída em outros países de língua portuguesa. 

Trato, agora, valendo-me tão somente de guardados da memória velha de guerra de contar coisas sugestivas ocorridas nos primórdios da história da UEU (União Estudantil Uberabense). A entidade surgiu nos finais dos anos 40. Nasceu de um movimento colegial para que fosse instituída a “meia entrada” nos cinemas. O pedido só veio a ser acatado três anos depois por ordem de órgão federal controlador de preços presidido por Benjamin Soares Cabello. Nesse interim a UEU se estruturou. Seu primeiro presidente foi o combativo líder Samir Cecílio. O titular da presidência no mandato seguinte foi um outro líder de grande influência: Roberval Alcebíades Ferreira. Na terceira gestão tocou-me a incumbência de comandar o órgão. A sede da UEU funcionava na casa do Comércio e da Indústria, sede da operosa Associação Comercial e Industrial de Uberaba. Campanhas recebidas com simpatia pela comunidade permitiram a formação de uma biblioteca e a obtenção de utensílios e material de apoio logístico necessários ao trabalho da organização. O órgão notabilizou-se por iniciativas culturais, promoveu exposições de arte, concursos literários, sessões lítero-musicais. Acode-me, a esta altura, a lembrança da premiação num salão de desenho e pintura de dois nomes: Aglaide Carvalho e Plinio Schroder. Outro nome lembrado por participação destacada e frequente em recitais literários é de Vicente Paula Oliveira. Aos sábados eram realizados encontros dançantes bastante concorridos. A UEU manteve por largo período um programa dominical intitulado “Estudantes do Éter” na Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro. Patrocinado pelas famosas “Lojas São Geraldo”, o programa dava ênfase a radiofonizações sobre vida e obra de grandes nomes da história brasileira. Chegou a ser levado ao ar, também, sob auspícios da “União Colegial de Minas Gerais”, na Rádio Mineira, de Belo Horizonte. Em certa ocasião a UEU organizou caravana, com dezenas de participantes, para uma excursão cultural a Belo Horizonte. A viagem foi feita em trem da Rede Mineira de Viação, contando com o valioso apoio do Prefeito da Capital, Américo René Giannetti. O itinerário cumprido abrangeu importantes lugares históricos. 

Citei muitos nomes de pessoas que atuaram, de algum modo, nestes momentos prefaciais na vida da entidade dos estudantes secundaristas. Arrisco-me a citar outros mais, apoderado da desassossegante certeza de que muitas lamentáveis omissões, pelas quais peço antecipadas desculpas, fatalmente ocorrerão. Jogo a culpa nos meus 45 anos de idade prestes a serem completados pela segunda vez consecutiva. A intenção com as menções feitas é, de qualquer modo, louvar, modestamente, todo um pequeno universo de gente que se envolveu, com ardor e disposição construtiva, nos tempos estudantis secundaristas, no processo de organização da entidade e com isso contribuir para o desenvolvimento comunitário. 

Aqui estão mais esses nomes: Hiran Sebastião de Oliveira, José Rezende, Gabriel Palis, Waldir Vieira, Joel Lóes, Albano Bruno, Leila Venceslau, Heitor Gentil Montandon, Pedro Santana, Edelweiss Teixeira, Gisa Teixeira, Aurélio Luiz da Costa, Alaor José Gomes, Arahilda Gomes, Rubens Faria, Zilma Buggiato, Fernanda Pires.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)