Uma parte do PSD mineiro articula travar a pré-candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil ao Palácio Tiradentes. A especulação surgiu ainda na última quinta-feira. Além de ser comentada entre integrantes do PSD, até petistas – que almejam apoiar a candidatura de Kalil para garantir um palanque para Lula no Estado – comentam a possibilidade. Se conseguirem o intento, o caminho do PSD pode ser apoiar a candidatura à reeleição do governador Romeu Zema (Novo).
A ideia ainda não tomou corpo nem uma movimentação com os interessados em inviabilizar a candidatura de Kalil vindo a público, mas se discute a possibilidade de fazer uma carta para ser entregue ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
No documento, teria as razões do grupo para não endossar a candidatura do ex-prefeito da capital. A principal seria a vontade dos integrantes do partido de apoiar a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). A bancada federal é alinhada ao presidente, e o senador e presidente do partido em Minas, Alexandre Silveira, tem bom trânsito no Planalto e já foi cotado para assumir a liderança do governo no Senado.
Outro motivo para membros do PSD, sobretudo a bancada federal, não apoiarem a candidatura de Kalil é a relação com o ex-prefeito. Na última segunda-feira, em entrevista à rádio Super 91,7 FM, Kalil disse que a definição passa pelo diretório nacional. “A eleição majoritária passa pelo presidente do partido, Gilberto Kassab. Deputado federal quer ir para A ou C porque tem cargo em empresa pública, a gente entende. O que deputado pensa não altera na minha eleição. Eu não vou com Bolsonaro porque meu espectro não é do Bolsonaro”, afirmou o ex-prefeito, que reiterou confiança em Kassab.
As declarações de Kalil sobre Bolsonaro e sobre querer o apoio de Lula incomodaram parlamentares e filiados. Por isso a ideia de uma carta para Kassab para tentar não lançar o ex-prefeito.
Um parlamentar, que pediu para não ser identificado, disse que a situação é crítica. “Se Kassab liberar os Estados a apoiar quem quiser, Kalil é rifado no dia seguinte”, disse o parlamentar.
Desdobramento - Como uma especulação política sempre possui a avaliação de um cenário mais amplo, os pessedistas que articulam a derrubada da candidatura de Kalil já comentaram, como quem não quer nada, um apoio à reeleição de Zema. No cenário ideal, o governador cederia a vaga para a disputa ao Senado para o senador Alexandre Silveira, e na composição da chapa o deputado federal Marcelo Aro (PP) seria o candidato a vice.
A suposição já teria chegado a Brasília. Nesse desenho de chapa, o presidente Jair Bolsonaro (PL) toparia apoiar a candidatura de Zema, para ter um palanque forte em Minas. Com isso, o PL não lançaria a candidatura de Carlos Viana ao Palácio Tiradentes nem insistiria na candidatura do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio ao Senado, prestigiando Alexandre Silveira.
Coincidência ou não, dois fatos ocorridos ontem ajudam a dar corpo à especulação. A primeira foi Alexandre Silveira participar de evento com Zema em Curvelo. O encontro teve até abraço entre os dois.
O outro foi Kalil ficar irritado com a pergunta sobre ser candidato ou não pelo PSD ao governo de Minas. O ex-prefeito recebeu o título de cidadão honorário de Juiz de Fora, na Câmara da cidade, e, na coletiva, foi questionado sobre a possibilidade. Na hora de responder, foi taxativo: “Isso é uma piada, uma pergunta cretina porque o Kalil levantou da cadeira (de prefeito para ser candidato). Então essa especulação maldosinha de oposição, é mais fácil um boi voar do que o Kalil não ser candidato pelo PSD. Ninguém é moleque”.
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