Arahilda Gomes Alves
Que sonoridade tem esse chamamento, de quando se é criança! Infância, período onde se busca proteção. A imagem do pai gigante, amigo, companheiro de folguedos. E também, de voz não só ecoante, a socorrer nas horas incertas, mas que se expande, séria, quando alguma coisa descamba por caminhos inseguros. Aquela voz severa, que age como “porteira fechada”. Ou a que se abre de par em par desfraldando horizontes.
Pai frequente nos momentos de folga, ou ausente, quando no trabalho, a zelar pelo filho ausente.
Seriam esses, os “pais de ontem”? Não é utopia!
Ainda os há, aos que, de boa formação, constituíram um lar, no prolongamento da seiva bruta de um nome familiar. Ainda os há, para quem considera a pátria, a família amplificada, no dizer de Rui Barbosa. Ainda os há, aos esperançosos, na formatação de imagens espelhadas neles e divulgadas na reflexão de bons ensinamentos. Ainda os há, os bons de coração injetando coragem, otimismo. Ainda os há aqueles, que praticam o bem, a honestidade, a coragem da luta na missão de um educar com exemplos e amor.
Paizão, pai chão, pai amigo, pai camarada, entre outros atributos vistos pelos filhos. Pais acompanhando todo o desenvolvimento desses seres ainda indefesos, no lar e na escola, até à Universidade sacrificando-se para dar a eles, talvez, o que não puderam ter de seus pais, porque incapacitados financeiramente.
Quantos seriam os filhos agradecidos, a ampará-los na velhice? Mas exemplos negativos pululam pelos quatro cantos do mundo, de filhos que não se sentem na obrigação de cuidar de quem os cuidou. Seria esse desmantelar de família, originário de um caos onde os valores se oxidam?
A humanidade fraqueja não tendo onde se apoiar, porque, historicamente, os heróis não mais existem? Há como que um correr para a ambição e o egoísmo. Acreditam-se nas castas, onde o império do “vil metal” garante a honradez e o sucesso!
Ainda há filhos-pais enjeitados, pais que se passam por Mães, pais criando rejeitados pelos biológicos, pais despreocupados com a paternidade jogando sementes na formatação de tantas Maria de Jesus.
Ainda, os pais doentes e aidéticos despejando espermatozoides no mundo infame.
Mas, há um Pai maior, criando abandonados e os bem cuidados, pela força da oração zelando por todos os habitantes desse planeta.
E para que ninguém se esqueça, criou-se em agosto, um dia dos pais, não só para ganhar presentes, mas para que a conjugação do verbo AMAR ecoe em uníssono nos tempos presente, passado e futuro!
Arahilda Gomes Alves - Cadeira 33 ALTM; vice-presidente -2ª-gestão; membro Academia Poetas Portugueses e Academia Letras e Artes Portugal; cônsul Poetas Del Mundo; Academia Internacional do Brasil; diretora cofundadora Fórum Articulistas de Uberaba e Região. Partícipe Rede Sem Fronteiras; sócia Poemas à Flor da Pele. Dois primeiros lugares em Contos (R.S) e Feira do Livro (México). Crônica (2018). Escreve crônicas no JU desde 1993.
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