Arahilda Gomes Alves -
Outubro traz em seu bojo o reconhecimento de tantas profissões. Comemorações gigantes como o dia da Criança, mais voltado para as preocupações e alertas a esse ser que colocamos no mundo indefeso, frágil e inocente.
O dia do Médico, os anjos do jaleco branco a quem recorremos quando a saúde nos falta, a pressão sobe, o coração em disritmia, descompassado e sem passo, muitas das vezes com pedras pelos caminhos rolando e cantarolando.
O dia do Poeta, em que sentimentos e emoções, muitas vezes sobrepujam a razão. Poeta que afaga o coração em alegrias e dores. Aquele que faz da saudade, discreta bandagem camuflada. Poeta que desenha paisagens no acalanto da dor. Literato que faz da poesia uma aquarela de cores que a paleta cria em borrifos de dores criando formas e enfeitando a tela de amores.
Destacando o dia quinze, por ser mestra, é data merecedora de todos os holofotes. Nosso Facebook se engalana para homenagear os que labutam na seara da Educação.
Pinço uma só mensagem, de real grandeza e respeito: “no Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do Imperador, é o professor, pois, segundo os japoneses, numa terra em que não há professores, não pode haver Imperadores. ”
Ah, se isso fosse aplicado aqui no Brasil, onde os que imperam nos altares e nichos como falsos santos de mãos nos bolsos, curvam-se, apenas para se enriquecerem nas esferas côncavas e convexas do Planalto! ... A nação tripudiada nas muitas sessões, onde o interesse próprio sopra benesses biliardárias, esquecendo-se todos, das lições de civismo, patriotismo e ética assimilados nos bancos escolares. Assunto esse, que gira em roda gigante, sem um nunca terminar colocando os interesses de um povo relegados a segundo plano.
O heroísmo de uma professora, anos passados, que para salvar seus alunos, na cidadezinha mineira que apareceu no mapa apenas pela tragédia de um psicopata e que deveria estar afastado e não no trabalho de uma creche, é o simbolismo de governos ineptos. Mais alguns dias e cairá no esquecimento, o que marcou em pleno mês de comemoração, a professora imolada no altar da Pátria. Daí minha Oração à mestra tecendo poesia entre o sonho e a realidade:
Bendita sejas tu, Mestre/ Pisando chão duro da estrada/ Atingindo dura encruzilhada/ Que o feitiço do ideal/Não te fez esmorecer/ Bendita sejas tu, Mestre/ Caminhando sob chuva/Sol escaldante, vento frio/ Abraçando, peito aberto/Com objetivo certo/Sem te deixares abater/ Bendita sejas tu, Mestre/ Enfraquecida pelos caminhos/ Desgastada como se fosses/ Os missionários eternos/ De santa e nobre missão/ Figura sempre evocada/ De santo: humano e divino/ Ser que jamais se aniquila/ Na luta, grande jornada/ Porque teu nome enobrece/ Tecido em forma de prece/ Imolado no Altar da Pátria/Em forma de oblação!
Arahilda Gomes Alves - Cadeira 33 ALTM; vice-presidente -2ª-gestão; membro Academia Poetas Portugueses e Academia Letras e Artes Portugal; cônsul Poetas Del Mundo; Academia Internacional do Brasil; diretora cofundadora Fórum Articulistas de Uberaba e Região. Partícipe Rede Sem Fronteiras; sócia Poemas à Flor da Pele. Dois pr imeiros lugares em Contos (R.S) e Feira do Livro (México). Crônica (2018). Escreve crônicas no JU desde 1993.
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