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Pesquisa destaca malefícios da cafeína para crianças e adolescentes

Ingestão em quantidades inadequadas pode interferir no sistema nervoso e cardiovascular

05/11/2019 06h00 Atualizada há 4 anos
Por: Redação
Nutróloga Mariana Argente explica que a cafeína pode causar aumento de secreção gástrica, aumento do refluxo gastroesofágico, riscos ao feto, sensação de ansiedade, angústia e alterações do sono, dependendo da dose - Foto: Arquivo pessoal
Nutróloga Mariana Argente explica que a cafeína pode causar aumento de secreção gástrica, aumento do refluxo gastroesofágico, riscos ao feto, sensação de ansiedade, angústia e alterações do sono, dependendo da dose - Foto: Arquivo pessoal

 Soraya Utsumi

Especial para o JU

A cafeína está presente em diversos alimentos como café, chá, chocolates, refrigerantes, energéticos e também em medicamentos. Crianças e adolescentes são mais propensos aos efeitos da substância psicoativa e a ingestão em quantidades inadequadas pode interferir no sistema nervoso e cardiovascular, além de causar risco de dependência e intoxicação, de acordo com estudo publicado na Revista Médica de Minas Gerais, realizado pela Faculdade de Medicina da UFMG.

A pesquisa evidencia que o teor de cafeína encontrado tipicamente em uma lata de energético (80 a 140mg) equivale a uma xícara de café ou a duas latas de refrigerante. O consumo por crianças e adolescentes igual ou superior a 50 mg por dia já pode ser considerado elevado para alguns autores pesquisados, enquanto para outros o valor seria de 100 mg. “A Comissão Europeia de Segurança Alimentar declarou, em 1999, que o consumo de 5,3 mg de cafeína/kg de peso corporal/dia em uma criança de 10 anos pode causar distúrbios transitórios de comportamento, tais como excitabilidade, irritabilidade, nervosismo e ansiedade”, indica a pesquisa.

No organismo, ela atinge a corrente sanguínea entre 40 minutos a 2 horas de seu consumo. É rapidamente distribuída por todos os tecidos do corpo devido à alta capacidade de atravessar as membranas, como explica a médica de Uberaba, Mariana Argente, especialista em Nutrologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Crianças até 2 anos de idade não devem consumir a substância. “A cafeína e substâncias equivalentes presentes no café, mate, chá preto, guaraná natural e refrigerantes, mesmo em pequenas quantidades são um poderoso estimulante, podendo deixar a criança muito agitada. Além disso, compromete a absorção de importantes nutrientes como ferro, zinco e cálcio”, afirma a nutróloga. “De 2 anos a 6 anos o uso é controverso. A partir dos 6 anos é liberado uma xícara ao dia, preferencialmente pela manhã em conjunto com outros alimentos”.

Uma pesquisa usada como referência no estudo da UFMG, envolvendo 4.243 crianças em idade escolar, mostrou que crianças que consumiam café ou refrigerante diariamente apresentavam risco duas vezes maior de apresentar distúrbios do sono. Existe também uma preocupação quanto aos adolescentes com dependência de cafeína que apresentam mais sintomas de ansiedade e depressão. Em jovens com diagnóstico de transtorno depressivo maior, o consumo de cafeína parece ser mais elevado.

Em relação ao sistema cardiovascular, o estudo relata que o consumo de altas quantidades pode causar aumento da pressão arterial e temperatura corporal, além da diminuição da frequência cardíaca. Há também vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo para os tecidos, mas no território cerebral há vasoconstrição, e os efeitos deixam de ser percebidos com a tolerância. Já para os sistemas respiratório, urinário e endócrino/homeostático, há discreto aumento da frequência respiratória, aumento da diurese, elevação dos níveis de ácidos graxos livres e termogênese.

“Nos casos de intoxicação, os sintomas são crises de ansiedade, taquicardia, irritação, tremores, inquietação e em casos mais graves (geralmente decorrentes de suplementação) os indivíduos podem entrar em coma, arritmia e até infartos do miocárdio”, assinala Argente. “Ela pode levar a efeitos indesejáveis dependendo da dose utilizada resultando no aumento de secreção gástrica, aumento do refluxo gastroesofágico, riscos ao feto, sensação de ansiedade, angústia, alterações do sono”.

O uso de cafeína em determinadas doses durante a gestação também pode trazer consequências para o crescimento do feto, principalmente em relação ao sistema esquelético, e para o desenvolvimento da criança até os 5 anos de idade. Segundo Argente, na gestação, a ingestão elevada de cafeína pode levar a aborto, parto prematuro e comprometimento no crescimento fetal, devendo ser limitada a 200 mg dia.

 

Benefícios 

Apesar dos possíveis malefícios se ingeridos em quantidades inadequadas em determinadas faixas etárias, a cafeína traz benefícios para a saúde. Entre os efeitos da substância, há o aumento do estado de vigília e sensação de alerta,a sensação de bem-estar e diminuição da fadiga, além de ação analgésica. “O café especificamente é rico nutricionalmente, com destaque não apenas para a cafeína, famosa por seu efeito estimulante, mas também pela alta concentração de polifenóis antioxidantes que diminuem a ação dos radicais livres, que prejudicam o equilíbrio celular”, avalia a médica Mariana Argente. “Segundo recentes descobertas científicas, o café tem diversas propriedades que contribuem para a prevenção de doenças, promoção do bem-estar e queima de gordura”.

 

Na tabela abaixo temos a quantidade de cafeína presente em alguns alimentos:

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