Hoje o JU homenagem vai trazer um pouco da história de vida do Padre Alexsandro Ribeiro Nunes, pároco do Santuário Basílica de Nossa Senhora D’Abadia, fazendo uma retrospectiva, do momento em que descobriu sua vocação religiosa até seu encontro com o primeiro pontífice do hemisfério sul, o Papa Francisco.
Infância
Desde muito cedo o jovem Alexsandro, morador da cidade de Bom Sucesso, no Centro Sul de Minas, sentia em seu coração o chamado religioso.
Um padre de sua cidade que fazia testes vocacionais identificou no jovem a vocação religiosa, mas somente após alguns anos, em 1999 ele decidiu seguir sua vocação entrando para um Seminário em Brasília, na ordem das Mercês.
Estudou Filosofia, foi para Salvador fazer seu noviciado e quase terminando resolveu sair e regressa para Bom Sucesso.
Como precisava trabalhar para ajudar sua família, sendo filho mais velho, e devido à falta de oportunidades em sua cidade decidiu voltar para Brasília, onde morou durante seis anos e meio.
Preparação
Em Brasília fez Licenciatura em Filosofia pela Universidade Católica e após a conclusão do seu curso veio morar em Uberaba, fazendo seu Noviciado.
Essa etapa foi muito importante para sua formação, foi onde deu início sua consagração, a vida comunitária e começou a entender seu pertencimento à família religiosa da qual faz parte.
De Uberaba foi para Belo Horizonte onde fez três anos de Teologia e em 2012 foi exercer seu ministério como religioso em Pirapora. Tempos depois foi transferido para Luziânia, para Morrinhos em Goiás, chegando finalmente à Uberaba.
Toda sua trajetória de estudos, desde o Noviciado, aos cursos de Teologia, Filosofia e Letras foram mais de 13 anos de dedicação.
Entrevista
JU – Padre, como está definida sua permanência nesta Paróquia, é vitalícia?
Padre Alexsandro - Antigamente o padre ia para uma Paróquia e ficava lá por toda a vida. Um exemplo que temos é do saudoso e querido Padre Ângelo. Acho que ele passou a vida toda aqui, mais de 40 anos.
Hoje é diferente, normalmente a provisão é de seis anos. A minha provisão vence em Junho ou Julho de 2024. Pode ser renovado, mas antes também podem pedir para gente sair. Às vezes por alguma necessidade, às vezes precisa do Padre em outra missão, em um colégio para ser formador. Para onde me mandar, eu irei.
JU- O Senhor fez recente uma viagem a Roma?
Padre Alexsandro - Sim. Faço parte de uma Congregação, a Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós estamos espalhados por todos os continentes, em vários países.
No Brasil nós somos duas províncias, a Província que eu faço parte, que é a de São José, corresponde a Minas, Goiás, Rio de Janeiro, Tocantins, Mato Grosso, Distrito Federal. Temos também a Província que nós chamamos de “Província do Sul”, que corresponde à cidade de São Paulo, Paraná, Nordeste e o Chile e Paraguai.
Essas províncias são uma forma de governo que a cada seis anos delega alguns membros, para irem a Roma participar do Capítulo Geral.
Nesse Capítulo Geral, analisamos as Congregações do mundo inteiro, os desafios da evangelização, tudo que o Papa Francisco está pedindo.
Fazemos uma análise da conjuntura da Congregação no mundo todo.
JU- Nessa visita a Roma vocês conseguiram um encontro com o Papa?
Padre Alexsandro - Uma tradição da Igreja por ocasião deste Capítulo Geral é o Papa receber em audiência.
Ele nos recebeu para uma breve conversa.
Sempre muito simpático nos entregou uma lembrancinha, um terço.
Muito observador me lembro que ele brincou quando nos viu “Nossa, mas só tem homens?”.
JU- O Papa tem dado uma atenção especial para a participação das mulheres na igreja?
Padre Alexsandro – Sim, com certeza.
Durante esses dez anos de Papado ele tem mudado muitas coisas, dado espaço à mulher.
Hoje por exemplo, o Papa colocou várias mulheres em cargos importantes , várias mulheres coordenando espaços que antes eram somente de Bispos, Cardiais e Padres.
Hoje com a instituição dos Ministérios dos Leigos, Ministério de Catequistas, a mulher vai fazendo parte cada vez mais da vida da Igreja.
JU- E o Papa Francisco como pessoa?
Padre Alexsandro – Ele é muito agradável, um homem muito próximo, muito simples no modo de falar.
Impressionou-me muito também seu modo de vestir, de se apresentar, de tratar as pessoas. Ele tirou qualquer vestígio de realeza e tem insistido para que Bispos e Padres sejam pastores e percam a síndrome de príncipes. Fala que a Igreja não é um palácio, um salão social.
O Papa é um homem leve.
JU- E qual foi o sentimento que trouxe desse encontro?
Padre Alexsandro - Olha, o sentimento que eu trouxe de lá, é um sentimento de gratidão pelo nosso passado, por tudo que nossos Padres Estigmatinos construíram nesses mais de 200 anos da fundação da nossa Congregação e uma responsabilidade por saber que está em nossas mãos continuar esse sonho do nosso fundador. É preciso um olhar de esperança para o futuro.
O Papa Francisco em 2018, em um encontro que ele teve com os que participaram do Capítulo Geral de 2018, disse: “os mais velhos têm a chave - falando para os nosso padres mais velhos - mas quem vai abrir as portas são os mais novos”.
Ou seja, ele está dizendo o seguinte: não devemos abrir mão do legado, da tradição, de tudo que foi construído, mas é preciso também viver o presente, com o olhar no futuro. Ele chama os idosos, os anciãos da nossa Congregação a dar espaço aos mais jovens.
É bonita essa imagem:
Os anciãos têm a chave, mas as portas quem vai abrir são os mais novos.
JU- Qual mensagem que o senhor deixa para os fiéis?
Padre Alexsandro – Faço minhas as palavras que ouvi do Papa Francisco:
Deus é bom, é eterno, é cuidadoso.
Precisamos aprender a deixar Deus ser protagonista. Nós sempre queremos ser protagonistas e tomar a frente em tudo. Não damos espaço para o Espírito Santo. Não damos espaço para Deus.
Temos que nos recolher um pouquinho e deixar Deus agir, ele é o ator principal.
Não podemos tomar o lugar que pertence a Deus.
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