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Cidade Agronegócio

Usucapião de imóveis rurais

Assunto pode interessar a munícipes do Triângulo Mineiro

05/09/2023 05h00 Atualizada há 11 meses
Por: Ricardo Dosso
Usucapião de imóveis rurais

A usucapião é um instituto jurídico que permite a aquisição da propriedade de um imóvel por meio da posse prolongada, desde que preenchidos determinados requisitos legais. Para os imóveis rurais, as regras e condições da usucapião são regulamentadas com o objetivo de promover o uso eficiente da terra e o desenvolvimento agrário, ao mesmo tempo em que se protege a propriedade legítima dos titulares.

A Constituição Federal de 1988 reconhece a função social da propriedade, especialmente no contexto rural. Como resultado, diversas modalidades de usucapião de imóveis rurais estão previstas em lei para promover a efetiva utilização da terra. As principais modalidades são as seguintes:

 

Usucapião extraordinária

A usucapião extraordinária, prevista no artigo 1.238 do Código Civil, é a modalidade mais abrangente e aplicável a qualquer tipo de imóvel, rural ou urbano. Para usucapir um imóvel rural dessa forma, o possuidor deve preencher os seguintes requisitos:

 

-      Posse mansa e pacífica por pelo menos 15 anos

-      Boa-fé durante a posse, ou seja, o possuidor deve acreditar ser o proprietário legítimo do imóvel

-      Ausência de oposição ou contestação da posse pelo proprietário

 

Usucapião ordinária

A usucapião ordinária, prevista no artigo 1.242 do Código Civil, também se aplica a imóveis rurais e requer os seguintes requisitos:

 

-      Posse mansa e pacífica por pelo menos 10 anos

-      Boa-fé durante a posse

-      Pagamento de impostos e taxas incidentes sobre o imóvel durante o período de posse

 

O Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) estabelece uma modalidade específica de usucapião rural no artigo 191 da Constituição Federal. Essa modalidade busca proteger pequenos agricultores e trabalhadores rurais, permitindo a aquisição da propriedade após cinco anos de posse, desde que o possuidor explore a terra de forma produtiva e atenda aos requisitos estabelecidos na lei.

Apesar das diversas modalidades de usucapião de imóveis rurais, existem situações em que a usucapião não é cabível. Algumas das principais circunstâncias incluem:

 

-      Posse violenta ou precária: A usucapião exige posse mansa e pacífica. Se a posse foi obtida de forma violenta ou precária, não serão preenchidos os requisitos para usucapir.

-      Posse sem cumprimento dos requisitos legais: Para cada modalidade de usucapião, existem requisitos específicos que devem ser atendidos. Se um dos requisitos não for cumprido, a usucapião não será possível.

-      Posse com má-fé: A boa-fé é um requisito importante para a usucapião. Se o possuidor tiver conhecimento de que não é o verdadeiro proprietário, sua posse será considerada de má-fé e a usucapião não será reconhecida.

-      Imóveis públicos: Imóveis rurais pertencentes ao poder público, como terras devolutas, não podem ser usucapidos.

-      Imóveis em áreas de preservação permanente (APPs): A legislação ambiental estabelece restrições à posse e à usucapião de imóveis situados em APPs, visando à proteção do meio ambiente.

 

A usucapião de imóveis rurais é uma ferramenta legal importante para promover o uso eficiente da terra e garantir a função social da propriedade no campo. Sua aplicação está sujeita a requisitos rigorosos e limitações, especialmente para proteger os direitos legítimos dos proprietários e a preservação ambiental. É fundamental que aqueles que buscam a usucapião de imóveis rurais estejam cientes das modalidades disponíveis e das circunstâncias em que essa ação não é cabível, buscando sempre o aconselhamento de profissionais do direito para orientação adequada.

 

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Sobre Jurídico no Agro
Ricardo César Dosso é advogado especialista em direito empresarial. Mestre em direito e pós-graduado em administração de empresas, é sócio do escritório Dosso Toledo Advogados, em Ribeirão Preto, com atuação em São Paulo e Minas Gerais. Este espaço tratará de questões jurídicas do agronegócio, como financiamento rural, renegociação de dívidas, contratos e outros assuntos atuais.
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