Olá, pessoal!
Sair do armário pode ser um processo muito complicado. Compreender quem você é, aceitar a si mesmx, poder confiar minimamente em uma rede de apoio, não saber se a família vai aceitar e, ainda, como o mundo ao redor vai reagir... São muitas variantes não controláveis e basta apenas uma para todo o processo se tornar traumático.
Agora, imagine se no meio desse caminho você se vê forçadx a sair do armário, sem ainda ter completado sua jornada pessoal ou sem ainda ter se preparado para a não aceitação, inclusive de pessoas que você tanto ama?
Eu e todxs os membros da comunidade LGBTQIAPN+ sabemos da importância de ter pessoas assumindo sua sexualidade e levantando uma bandeira para chamar de sua. É, sim, muito importante! Isso faz com que outras pessoas se compreendam melhor, se sintam representadas e, até mesmo, mais confortáveis e possivelmente acolhidas. Como sempre falamos por aqui, representatividade importa.
Mas a questão é que cada pessoa tem seu processo, sua história, seu ritmo e seu círculo social. Não é porque para você ou para alguém que você conhece foi tranquilo, que para todxs será da mesma forma. Tanto na questão de aceitação interna, quanto externa. E ninguém é menos LGBTQIAPN+ por não ter se assumido para os amigos, familiares, colegas de trabalho, faculdade, etc. Muitas vezes essa pessoa sabe que se ela se assumir, ela pode ser expulsa de casa, perder o emprego, ser motivo de piadas ou até colocar sua integridade física em risco. Como culpar alguém por se proteger?
Além disso, quando se trata de uma figura pública, o estrago pode ser ainda maior. Apesar do meio artístico ser considerado um ambiente mais liberal, muitos famosos preferem não se assumir para não perderem contratos, parcerias, papéis na TV, patrocinadores e, inclusive, o respeito de colegas e fãs. E, quando expostos por páginas de fofoca, alguns fãs, movidos pelo preconceito e por essa ilusão que os artistas devem compartilhar tudo que acontece em suas vidas, usam as redes sociais para xingarem, confrontarem e até ameaçarem esses artistas.
E aqui, mais uma vez, a representatividade é muito importante, mas cada um sabe de si e o que está disposto a colocar em risco. Muitas vezes seu trabalho é a fonte de renda e o sonho de uma família toda. A pessoa deve ter direito a fazer as coisas no tempo dela.
Em um cenário ideal, não haveria nem a necessidade de sair do armário, de se pronunciar por ter uma orientação sexual diferente da maioria. Afinal, ninguém precisa se assumir hétero, não é mesmo? Mas, nós vivemos em um país extremamente LGBTQIAPN+fóbico, se assumir é dar a cara a tapa, e pode ser que essa expressão nem seja no sentido figurado.
Portanto, pessoal, estamos falando de pessoas, de indivíduos, com realidades e bagagens diferentes. O social e o coletivo são importantes, sim! Mas desde que pessoas não sejam prejudicadas nesse caminho. Forçar a saída de alguém do armário é um tipo de violência, e violência não se combate com violência!
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