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Setembro Amarelo: Vamos falar sobre saúde mental?

A psicóloga Ana Luíza de Araújo Torres traz algumas discussões acerca da saúde mental de pessoas LGBTQIAPN+.

02/09/2024 05h00
Por: Laís Corpa
Setembro Amarelo: Vamos falar sobre saúde mental?

 

Olá, queridxs leitorxs!

Me chamo Ana Luiza de Araújo Torres, sou bissexual, psicóloga e especialista em Psicologia Analítica. Trabalho como psicóloga e supervisora clínica, e também ministro palestras e oficinas. Assim, no decorrer destes anos de experiência, tive a oportunidade de atender pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ e hoje gostaria de trazer alguns pontos para refletirmos.

O mês de setembro é marcado pelo debate sobre a prevenção ao suicídio, o chamado Setembro Amarelo, em que diversas ações são realizadas a fim de conscientizar a população e quebrar tabus sobre esse tema tão delicado. Se trata de um problema de saúde pública e é nosso dever, como membrxs da sociedade, nos informarmos para saber como orientar corretamente quando chegam os “pedidos de ajuda”. 


Mas nesta conversa, gostaria de propor a reflexão sobre o que está na parte de baixo do iceberg: o panorama da saúde mental em geral, em especial, a saúde mental da população LGBTQIAPN+.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é definido como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Na teoria, é um conceito muito funcional, mas será que todos os indivíduos, incluindo as minorias, são vistos como seres dotados de potência e tem a mesma facilidade de acesso a alguns direitos como o de trabalhar, ir e vir, construir família, utilizar do sistema único de saúde e etc.?

Apesar de alguns direitos e espaço terem sido conquistados ao longo dos anos, o Brasil ainda é o país que mais mata pessoas  LGBTQIAPN+ no mundo. Sendo assim, é inegável que as discriminações, violências e falta de rede de apoio contribuam para o aumento do adoecimento desses indivíduos. 

É hora de questionarmos o porquê que justamente neste mês, vem sendo discutido um retrocesso em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não o investimento em políticas públicas para a saúde mental da população em geral.

Quanto às conquistas, destacamos que a partir de 2011, foi instituída pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de Saúde integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, travestis e transexuais, que visa suprir demandas que são próprias desse público, incluindo o uso nome social, construção de ambulatórios específicos (nos quais incluem os atendimentos referentes ao processo transexualizador, centros de testagens e acolhimento) e a retirada da homossexualidade e transexualidade do Código Internacional de Doenças – não há cura para o que não é doença.

O acesso à saúde é um direito de todxs e garantido por lei, mas é necessário mudar a forma como a gestão da saúde enxerga essa parcela da população. Para que façam escolhas adequadas ao repassar as ordens aos profissionais, de forma que não colaborem com a exposição dos pacientes; invistam em capacitações das equipes de saúde para evitar constrangimentos no atendimento; e evitem reforçar alguns estigmas sociais, como por exemplo, ainda associar as pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ à doenças sexualmente transmissíveis. 

Uma das formas mais significativas de fortalecimento é a sensação de pertencimento. São nestes espaços coletivos, que construímos novas perspectivas de subjetividade e compartilhamos as dores, as alegrias e cores que atravessam a nossa bandeira.

Por fim, deixo alguns lembretes muito importantes: o respeito é a base de qualquer relação. Então, ao conversar com o outro, precisamos  entender que são pessoas, e pessoas carregam bagagens. Sendo assim, devemos nos policiar e, principalmente, nos posicionar, caso sejam reproduzidas algumas falas ou atitudes  que reforçam preconceitos;  Toda forma de amor é válida, e o auto cuidado também está incluso nisso. Então, caso você, leitor, sinta a necessidade de olhar com mais afeto para a sua saúde mental e ressignificar algumas vivências, saiba que procurar ajuda profissional é também um ato de coragem e libertação.

 

"Nossa maior força está no nosso amor pela vida e pelas cores, pela beleza e pela música, pela dança e pela alegria. Essa é a nossa arma secreta! É algo que a oposição não tem. Mantenham essas coisas perto de seus corações, porque em tempos de guerra, isso irá sustentá-los." (RuPaul)

 

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2 comentários
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Luiz Carlos Gomes FrançaHá 3 meses Florianópolis O que falta no mundo de hoje é a inocência que deixamos na infância, escutarmos e tentar entender sem ofender. Bjos Ana
Helen Há 1 ano Uberaba Ótimas observações para refletirmos acerca de saúde mental e do universo LGBTQIA+
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