Olá, leitorxs!
Duas semanas atrás, no texto sobre adoção por casais homoafetivos, eu disse que em breve um casal compartilharia a história de sua família aqui. Pois bem, é com muita alegria que informo que esse dia chegou. Hoje, vou contar a linda história da família de Ernandes e João Carlos, prepare para se emocionar!
A história do casal começou em 17 de novembro de 2014, quando Ernandes e João Carlos foram apresentados por um amigo em comum. Um ano depois, em 17 de novembro de 2015, eles se casaram, e logo entraram para a fila de adoção.
Ernandes conheceu João em um momento difícil: "[Foi] após eu ter passado por um tratamento bem agressivo, em decorrência de um câncer em 2013. Me deram apenas 6 meses de vida. Mas tudo deu muito certo e ainda estou aqui, casado, feliz e à espera dos nossos filhos. Encontrá-lo me fez viver novamente". Disse Ernandes, em 2018, enquanto ainda estava na fila de adoção.
Nesse mesmo ano (2018), no mês de Junho, o casal fez um ensaio fotográfico, postado na conta Dois Iguais, no Instagram, para registrar a espera pelo sonho de serem pais, e falaram sobre o processo de adoção:
"Não temos um perfil restrito. A justiça que é bem lenta mesmo. Queremos crianças com até 10 anos de idade, independente de raça cor ou sexo, e sem restrições pra criança com HIV + e grupo de irmãos. Estamos no cadastro nacional para todo território brasileiro.
Em nossa cidade ainda estamos em 23º na fila. Quando entramos, a posição era 64º. São quase 50 mil crianças abrigadas para 4,5 mil casais habilitados, porém não são todas que estão disponíveis para adoção devido à lentidão da justiça, que demora, em média, 3 anos para concluir o processo e colocá-las para adoção.
Sem contar as outras tantas, que passam a vida no abrigo tentando ser reinseridas na família. Só vem para adoção quando se esgotam as chances no grupo familiar. E a cada dia que passa, menos são as chances, porque a grande maioria se limita a crianças brancas, saudáveis, meninas e de até 3 anos, no máximo".
Felizmente, o sonho de serem pais se tornou realidade em 30 de agosto de 2018, após três anos, 2 meses e 1 dia de uma longa "gestação" no coração de cada um. Os anjinhos, que estavam há 348 dias em um abrigo, vieram antes do esperado, quando o casal ainda ocupava a 17ª posição da lista. O motivo?
"Nossos bebês gêmeos, Ezequiel e Ismael, receberam o não de 16 famílias (formadas por casais heterossexuais), até nosso telefone tocar. [...] Nasceram prematuros. Um deles ficou hospitalizado desde o nascimento até vir para nossa casa. Passou por 5 pneumonias seguidas de entubação, 2 paradas cardíacas e ficou parado 14 minutos. Isso fez com que ele tivesse uma paralisia cerebral, que resultou em algumas limitações e sequelas."
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Ainda sem conhecê-los, Ernandes e João decidiram adotá-los. No dia da visita, Ezequiel estava no abrigo, saudável, e Ismael ainda permanecia entubado na UTI, mas foi desentubado horas depois. Em 15 dias, recebeu alta, parou de utilizar oxigênio e foi para casa, onde comemorou o primeiro ano de vida doando e recebendo amor ao lado do irmão, Ezequiel, e dos novos papais.
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"Digo sempre para o João, meu marido, que eles não puderam começar do 0 ao nosso lado, mas começaram do 1. Para nós, foi mágico a oportunidade de estar ao lado deles desde o primeiro ano de vida. Somos gratos a Deus, porque eles, em nossas vidas, foram uma verdadeira profecia". Disse Ernandes, em Dezembro de 2018, para as páginas Dois Iguais e Razões para Acreditar.
Hoje, Ezequiel e Ismael já estão com 6 anos, e não cansam de dar muito orgulho e arrancar incontáveis sorrisos dos papais.
Linda história, não é mesmo? Mas não acaba por aqui, 6 anos depois da primeira adoção, Ernandes e João se tornaram novamente pretendentes à adoção, e dessa vez optaram por deixar nascer uma florzinha em seu jardim elegendo o perfil de uma menina, sem restrições, assim como foi no processo dos meninos. Os papais já aguardam ansiosamente a chegada da Maria:
Eu confesso que tive que secar as lágrimas várias vezes enquanto escrevia esse texto, e não consigo dizer quantas vezes eu sorri e senti aquele quentinho no coração.
Pois, após a publicação do texto de 2 semanas atrás, vi muitos comentários maldosos sobre a adoção por casais homoafetivos, inclusive pessoas comparando com abuso infantil. Alguns também disseram: “Mas quem a criança vai chamar de mãe?” (pois a foto da matéria era de dois pais). Mas a questão é: se essas crianças não fossem adotadas por casais homoafetivos, crianças essas abandonadas por casais heteroafetivos, quem elas chamariam de FAMÍLIA? Seria melhor a criança permanecer em um abrigo até completar 18 anos, e sair sem nunca ter tido e sentido o amor de uma família?
Portanto, eu espero que a linda história da família de Ernandes e João Carlos (ainda em construção) encha o coração de vocês de esperança, assim como encheu o meu, e que a nossa sociedade se alimente muito mais de amor do que de ódio.
Obrigada, papais Ernandes e João, um beijo nos anjinhos Ezequiel e Ismael, e também já estou ansiosa para a chegada da Maria.
Obrigada, leitoxs e até semana que vem!
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