Saiu! Nasceu para o mundo! Edson Militão lança seu primeiro disco, um misto de spoken word, verbo rasgado num peitoPeito e um falar encruzilhada que remete aos sertões das áfricas em nós. ‘’Não tenho o talento de Fela Kuti nem de Hendrix para fazer um som, mas aquilo que proponho a ser, muito vai ouvir falar do meu nome’’. Edson, ‘’ o d é mudo’’, mas a palavra desse griot do cerrado, afropalmarino triangulino, reverbera ondas metrificadas de puro poder.
Engatilhado! Atira sem dó! ‘’Veio no mundo pra causar (des)graca! Diz, recita a própria graça, o próprio nome numa louvação que une o presente e o passado num batuque que não inicia hoje e não terminará amanhã! Edson fragmenta-se! O professor, o poeta, o slammer, o slammaster, o escritor, o militante num mesmo corpo só! Um corpo de africanidade, revestido de palhas, búzios e folhas vistosas.
Edson é desses poetas que lidam a palavra como ferramenta de orixá, ‘’escorpião em ascendente em áries’’, alguém que faz do verso grãos de poeira soltos numa estrada que cabe dores, sentimentos, narrativa poderosa e um tanto de dizeres ainda guardadas na carapaça do peito.
‘’A desigualdade tem cor ". Edson nos lembra sobre o território racista, sobre o arvoredo África fincado em cada quilomboResistência. Tinta preta que escorre verbos sementes filhos de ‘’Altamira, Carolina de Jesus e Conceição Evaristo’’, mas também de Agnes Maria, Wellington Sabino, Vanessa Gomes e tantos outros corações que comungam da mesma dor e da mesma luta cotidiana.
Olhe para Edson, enxerge essa África que nos abençoa diariamente num passe, numa reza tirada e retirada do fundo da alma. Edson cristaliza uma gama de palavras que nos rodeiam no imaginário, um poetry slam meio blues, meio rap, meio batidão de funk, meio lirismo dos grandes poetas que gritam um cancioneiro de reivindicações no agora das urgências.
Meio mata, meio terra, um ser inteiriço! ‘’ irmão!’’ Olhe em volta, envolto com mil contas em volta do pescoço, está uma pessoa que acredita na palavra, que acredita na palavra comunitária em seu grau máximo de significância.
A produção do primeiro disco solo de Edson Militão fica por conta do mestre dos beats , Lheo Zotto, da Malandrinhacão inc.O disco ainda com a participações sensível e poderosa do multiartista Basílio Teodoro. Um disco extremamente poderoso, afro quintal que acolhe Edson com sua palavra aquilombada morada de tantos ancestrais acondicionados à sua voz que vibra memórias, nomes e corpos de quem não está mais nessa terra em estado físico.
Edson chama, conclama pra roda, pro circular ato de existir uma força condensada, acumulada por anos e anos na peleja em ser poeta no triângulo das AfroGerais.
Fragmenta! Fragmentos! Procure saber! Edson é poesia cunhada antes mesmo do seu nascimento. Uma conjuntura de palavras e performance batucada por mãos que conhecem todos os mistérios das encruzilhadas da resistência.
Arte @lheozotto
Producão do disco @lheozottofoto da capa @renatareisphoto
para conhecer Edson Militão @edsonfernandomilitao
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