Caro leitor, eis que estou de volta, para trazer mais um assunto que por vezes é polêmico, mas se faz necessário, sobretudo, atualmente: a política.
Sim, ela que, nos últimos anos, vem se polarizando e dividindo ainda mais as opiniões no cenário institucional, seja ele municipal, estadual ou federal. Ela que tem sido causadora das maiores discussões, pois, impacta diretamente na vida das pessoas.
Trazendo a discussão para a nossa cidade amada e querida Uberaba, cabe ressaltar que as disputas sempre são muito intensas e acaloradas. Para alguns, a política está relacionada à possibilidade de transformar a vida das pessoas, promovendo mudança social.
Para outros, trata-se apenas de uma métrica de poder, acometendo pessoas que, sem ter como apresentar um histórico de serviços prestados à cidade, iludem-se diante da possibilidade de ascensão pessoal. Esses não expressam qualquer preocupação com o coletivo, limitando-se a mostrar uma passagem da vida pessoal.
Porém, na política, como na vida, existe todo tipo de pessoas, e cabe a nós, eleitores, escolhermos aquelas que queremos valorizar.
Uberaba, inclusive, atualmente tem se destacado com relação à diversidade, lembrando que após 200 anos temos a primeira prefeita mulher, Elisa Araújo, que vem enfrentando desafios dos mais diversos por ser mulher, jovem e da iniciativa privada. Ela, mulher, branca, mesmo passando por pandemia, desafios dos mais diversos, como o machismo, a misoginia e o tradicionalismo, tem lutado e feito acontecer na cidade de Uberaba.
Temos desafios? Óbvio! Estamos falando do setor público e de uma cidade de aproximadamente 350 mil habitantes. Mas ainda sim essa jovem mulher, desafiando a tudo e a todos, está governando.
De outro lado, estamos falando de uma cidade extremamente tradicional e, vez ou outra, são proferidos ataques à sua figura, como a pecha de barbie, “mulherzinha”, “aquela zinha” e por aí vai. Mas foi ela também que, de forma corajosa, apoiou uma mulher negra, conhecida como Professora Maria Abadia, para candidatura enquanto Deputada Estadual. Foi uma campanha difícil, árdua, mas que fez história.
Houveram desafios? Sim, e o corpo negro estava ali representado por ela, Maria Abadia Vieira da Cruz, mulher negra, mãe de dois filhos, esposa, concursada, atualmente aposentada do Estado e Munícipio com uma carteira de serviços prestados para a comunidade enquanto professora. Como todos sabem, Maria Abadia foi gestora escolar e Diretora de Departamento. Isso representa, no total, um trabalho de aproximadamente 35 (trinta e cinco) anos de trabalho na educação pública, sem que nunca tenha sofrido nenhum processo administrativo.
Destaca-se que esta mulher negra, atualmente está no Lar da Caridade, auxiliando no trabalho social criado por Aparecida Conceição Ferreira, Além disso, está como voluntária, executando serviços públicos como membro do Conselho Municipal da Educação (afinal, ela acredita em uma educação pública eficaz e sempre trabalhou por isso). Também atua como presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, levando a pauta negra a espaços públicos e privados, além de dar visibilidade ao trabalho, fé e cultura desta comunidade. Por fim, essa incrível mulher também participa do Conselho da Mulher, com a finalidade de promover os direitos das mulheres de nossa cidade. Não foi vencedora da campanha de 2022, mas ecoou a sua voz e, a partir da sua, muitas outras já estão ecoando.
Tanto é que outros corpos negros já se posicionaram desde então e deram seus nomes para serem avaliados e testados nas urnas. São pessoas espalhadas pelos mais diversos partidos.
Neste sentido, como opção e falando em diversidade sobretudo negra (pretos e pardos) , passo a sugerir aos meus leitores desta coluna alguns nomes comprometidos com a pauta negra, com a cultura, o esporte e a diversidade e que se colocaram como pré- candidatos à vereança na esperança de que se sejam eleitos vereadores nessas eleições que se aproximam:
Professora Maria Abadia- mulher preta, mãe, antirracista, professora aposentada, palestrante e voluntária membro do conselho municipal da educação e presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e do Conselho dos Direitos da Mulher.
Vanessa Gomes- mulher preta, mãe, antirracista, empreendedora, palestrante, enfermeira em ginecologia e obstetrícia, mulher que tem se destacado há anos na luta por um parto mais humanizado.
Ercileide Laurinda- mulher preta, atleta paralímpica de bocha, bacharel em Direito, militante da diversidade sobretudo na luta incansável pelos deficientes físicos na ADEFU;
Cairo Damasceno Silva “TOI”- homem pardo, antirracista, promotor de cultura, palestrante, empresário, presidente do Conselho Municipal de Promoção de Cultura, idealizador da Batalha do Calçadão, tem lutado muito pela inclusão de jovens periféricos;
Professor Alessandro Indhião- homem preto, professor de educação física, antirracista, com destaque na manutenção da cultura negra por meio da capoeira, é também líder comunitário e tem feito um trabalho para sua comunidade;
Henrique Gaspar- homem preto, advogado, coordenador voluntário do IMAD – casa Madre Teresa de Calcutá com família dedicada ao trabalho efetivo com mulheres sobretudo vítimas de violência doméstica.
Estas são pessoas diversas, de diferentes partidos, e cada um com seu candidato a prefeito. Mas há algo que os une: o trabalho coletivo e o anseio por mudar a vida das pessoas. Ressalto que estes possuem representação popular e tem destacado nos espaços em que estão inseridos, para muito além das eleições, mas com trabalhos sólidos que desenvolvem a pelo menos uma década.
Passada as indicações, é certo que no cenário político contemporâneo, a presença da diversidade e de negros em cargos públicos e posições de destaque tem sido frequentemente apresentada como prova de progresso e inclusão.
No entanto, uma análise mais profunda revela que nem sempre essa visibilidade resulta em empoderamento ou em mudanças estruturais significativas. Isso acontece porque o fenômeno do tokenismo emerge como um mecanismo que perpetua a exclusão ao mesmo tempo em que finge promover a diversidade.
Tokenismo refere-se à prática de fazer um esforço simbólico para incluir membros de grupos marginalizados, sem conceder-lhes poder ou influência significativa. Na política, isso se manifesta quando partidos ou governos destacam figuras negras em suas campanhas ou administrações, mas limitam sua capacidade de promover mudanças reais, afim de preencher cotas e não apenas dar voz ou visibilidade.
Por isso, historicamente, o corpo negro tem sido marginalizado e estigmatizado na sociedade, e a política não é exceção. A inserção de políticos negros sem histórico sólido em espaços de poder é frequentemente usada como um adereço para mascarar a falta de representatividade e inclusão verdadeira de muitos grupos. Esses indivíduos são muitas vezes colocados em posições de visibilidade sem autoridade substancial, funcionando mais como símbolos, ou “tokens”, de diversidade do que como agentes de mudança.
Por vezes, esse processo oferece, em troca, reconhecimento pessoal, nomeações, participações em eventos públicos. Mas o tokenismo pode trazer sérios impactos, como: obstáculos para a inclusão real, reforços de estereótipos e a própria desilusão, o que só pode ser superado com educação política de qualidade, compromisso para com o social sem interesses pessoais e transparência nas ações.
Para que a presença do corpo negro na política uberabense seja mais do que um gesto simbólico, é necessário um compromisso genuíno com a justiça e a igualdade. Isso implica em ir além do “tokenismo” e trabalhar para mudanças estruturais que garantam uma verdadeira representatividade e inclusão. Somente assim será possível construir um cenário político onde o corpo negro não seja apenas visível, mas também tenha poder e influência reais.
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