Quando pensamos em contemporaneidade, temos também que pensar nos novos desafios e encontros de nossa vida. Estar afetados não é novidade, como diria Belchior em sua música "A Palo Seco": “sei que assim falando pensas, que esse desespero é moda em 76, mas ando mesmo descontente, desesperadamente eu grito em português”.
Acontece que 76 passou, mas muitos ainda se encontram assim, descontentes. A perspectiva e o sentido de tudo aquilo que é nosso podem assustar, visto que não são totalmente vistos por nós mesmos. Muitos autores, como Sartre, alegam que somos condenados a sermos livres.
Mas o que fazer com essa tal liberdade? Estar livre não é conseguir fazer tudo o que quiser. Liberdade é, na verdade, entendermos como nossas pequenas e grandes escolhas nos levam a novos lugares e sensações, nos levam à libertação e, é claro, ao desespero.
Você pode estar a essa altura se perguntando o que liberdade e descontentamento podem significar para nós e como esses dois termos podem estar juntos em um só lugar.
A grande questão é que existimos e existir às vezes pode ser pesado. Além, entender que esses momentos de vida, as escolhas individuais como ir trabalhar ou ter de pegar determinado ônibus em determinada hora, por exemplo, podem nos levar a várias emoções, dentre elas, a tristeza.
Mas imaginar que a tristeza (ou o desespero) é eterno é tão irreal quanto achar que a felicidade é eterna.
Ambas mudam. E essa mudança tem que acontecer. Não existe, e nem poderia, um lugar em que as coisas são cristalizadas.
Assim, sofrer não é só normal, mas necessário.
Então você me pergunta: estou sofrendo e você está me dizendo que isso é bom? Não.
Note que eu disse necessário e não bom. Sofrer, em 1976, ou 2024 ainda é sofrer, mas somente a partir da percepção de que algo é bom é que podemos traçar quando algo é ruim. São momentos nos quais coisas que estão disfuncionais são salientadas.
A sugestão é que você consiga ouvir o que sua cabeça tem a dizer. Afinal, esse sofrimento todo vem de onde?
E somente respondendo essa pergunta podemos entender como estabilizar os nossos sofrimentos diários que podem machucar tanto, mas podem ajudar na mesma intensidade no caminho trilhado de conhecermos a nós mesmos.
Talvez seja hora de você começar a encarar as coisas como elas são: uma vida não linear repleta de falhas e momentos não planejados.
Victor Menezes de Carvalho.
Psicólogo – CRP04/72514
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