Em algum canto dessa cidade vive um poeta, um poete, uma poeta que carrega no embornal versos esculpidos num diário de luta, sofrimento, mas muita esperança. Se eu te perguntasse! Cite cinco slammers de Uberaba! Você saberia me responder? Não, há demérito em não saber, nem responder corretamente. O que realmente me incomoda é saber que se muitos desses poetes fossem escutades, talvez a vida de algumas pessoas tivessem um acalento maior em seus corações.
Não é que a poesia seja a salvação do mundo! Só que pra nós, enquanto coletivo da poesia falada de Uberaba, a poesia é uma salvação diária. Escutar poesia torna-se daqueles bálsamos que transformam nossa concepção de entendimento da realidade. Slammers são pessoas que andam por aí, vagando, vagueando pelas batalhas de Mc´s, pelos saraus, pelas quebradas, pelos campos e urbanidades distribuindo pílulas (em)palavras de amor, de esperança e de aconchego.
Neste sábado às 18:00 h no Teatro Sesiminas acontece a final anual do Slam Ondaka Curto, competição de poesias faladas com duração de 0:12 segundos. O Slam Curto foi criação do mestre Daniel Minchoni de São Paulo, organizador do menor Slam do Mundo. Os finalistas são Luciene Oliveira, Eduarda Gabrielle, Thomáz Silva, Apenas O André e Ana Camila. Teremos a participação de Elizabeth Finholdt fazendo desenho ao vivo e Dj Double Dee nos toca discos.
Daí pergunto novamente! Você conhece Luciene, Eduarda, Thomáz, André e Ana? Se não, não há demérito em não saber! Só penso o quão seria transformador se as pessoas estivessem dispostas a escutar esses poetas que mesclam saber, narrativa poderosa e conhecimento de causa literária. Quando decidimos não escutar, quando decidimos não ver, perdemos! Perdemos sem saber o quanto a palavra de Luciene poderia trazer ervas sagradas colhidas no mato para benzer as angústias vividas pelas mulheres, seja do campo ou da cidade. Perdemos sem saber o quanto a palavra de Eduarda pode ser acolhedora, mas também catalisadora de revolta, de gana por criar um novo futuro para seu filho. Perdemos sem saber o quanto podemos aprender com Thomáz e com sua história de superação, de estudo, de sonho conjunto de famílias inteiras que nunca puderam estar na universidade. Perdemos sem saber o quanto podemos entender a vida pelos prismas de André. Nem Nádia, nem Nada pode brecar nossos sonhos. Perdemos sem saber o quanto podemos ser gratos por escutar Ana Camila e sob sua promessa de nunca mais parar de escrever.
Perdemos! Morre a palavra no peito do outro! Não há adubo, não há mensagem psicografada, não há mensagem de Chico que dê jeito numa escuta insensível!
Já colou no slam?
Já chorou num slam como eu choro agora ao escrever essa coluna?
Choro, não por ódio, mas choro por saber que o remédio do sofrimento do outro vive na língua de um poeta. Muitos não estão dispostos a receber o remédio, o passe, o benzimento. Mas não desistimos! Todo janeiro recomeçamos! E se os orixás nos permitirem, (re)começaremos novamente em janeiro de 2025 um novo ciclo dos poemas curtos. Espero que da próxima vez você saiba responder de cara, de prontidão, algum nome de slammer dessa cidade. Seja Ágata, Ingrid, Marius, João Francisco, Léon, Kauan, Sr. Dalton, Aninha, Julia Sanches, Lobinho, Edson Militão, Wellington Sabino, Gregorion, Alexandre Aragão, Claudia, Thiago Poeta, Agnes Maria, Nati, Mari, Aninha, Diego, Tio Malabarista, Renata Reis,Nay, Fabíola e todas outras pessoas que chegam, se aconchegam nos slams de Uberaba.
Fica o convite pra rezar na gira da poesia!
Desenho ao vivo com Elizabeth Finholdt @bethfinholdt
Discotecagem Dj Double Dee @doubledeebr
Instagram dos poetas finalistas da Final do Ondaka Curto
Luciene oliveira @luciene.art
Eduarda Gabrielle @d.gabrielle_
Thomáz Silva @psicotom
André @apenas1andre
Ana Camila @annacamila6
Arte do cartaz @nan.caos
Apoio: Nan.caos, Editora Seloko Ondaka e Renata Reis fotografia.
Realização: Slam Ondaka
Patrocínio: Geoparque Uberaba, Lei Paulo Gustavo e Governo Federal.
Mín. 20° Máx. 33°