Olá, me chamo Mariene e sou psicoterapeuta de casais há mais de um ano. Nesse pouco tempo de experiência como psicóloga, nenhum casal LGBT+ demonstrou interesse ou apareceu no meu consultório…sinto que deveríamos conversar um pouco sobre isso.
A psicoterapia de casais foi fundamentada para que houvesse a promoção de saúde mental para os participantes da relação, podendo ser duas pessoas ou mais (Peres-Carneiro, T.). Mas culturalmente, digo que diante dos filmes, séries e até conversas do dia a dia, a psicoterapia foi muito mais ecoada para casais heteronormativos. Diante deste mundo cultural, ainda tecendo a ideia corroborativa para casais héteros, temos o ideal masculino de que homens com h “estragam” as relações…coisa que pouco vemos, ou melhor, pouco falamos, dentro da comunidade LGBT+. Qual é o papel do homem numa relação? Qual é o papel do homem dentro de uma relação homoafetiva? Qual é o papel do homem para um homem trans? E para os inter-sexo? E por aí vai… E no fim, qual é o papel da psicoterapia de casais para casais da comunidade?
A masculinidade tem sido alvo de construções importantes nos últimos tempos, principalmente pela mudança e expansão dos olhares para a comunidade gay. Porém, um dos traços da masculinidade que sempre vemos em séries e filmes, é o perfil do homem que não está “nem aí” para sua relação, por exemplo: Ross (de Friends), Big (Sex And The City) e Nick Dunne (Garota Exemplar). Todos esses homens têm em comum a onipotência, a autoestima elevada (mesmo que apenas no ideal) e a sabotagem da relação com suas parceiras. Esse traço sabotador trouxe muita angústia conjugal para mulheres, e são elas que, majoritariamente, procuram por ajuda.
Esse papel, mesmo que muito propagado para homens cisgênero dentro da cultura e formações de sujeito no dia a dia, não é único e exclusivo para eles. Acredito fortemente que nem seja um papel, mas sim um estado. E, como qualquer estado físico ou mental, pode ser passageiro. Sendo um estado, temos também a possibilidade de qualquer pessoa estar dentro dele. E é aqui que a psicoterapia pode, e deve, entrar. Como psicóloga freudiana, comumente busco entender como o funcionamento conjugal foi demonstrado durante a infância para os membros da relação, para assim instigar insights que possam ajudar na melhora da relação.
Dentro desse estado conjugal, devemos prestar atenção em alguns comportamentos que podem ajudar todo casal ou pessoas dentro de uma relação a perceberem que precisam de ajuda psicoterapêutica: brigas sem fundamento ou que não tenham resoluções que sejam satisfatórias ou funcionais para que o casal se sinta bem um com o outro e também a dificuldade de conversar sobre pontos importantes dentro de uma relação (como financeiro ou sexualidade).
Dessa forma, buscar ajuda psicológica não é sinal de fracasso conjugal, é a imposição do desejo de melhora para que todos os envolvidos possam se sentir à vontade dentro do amar e ser amado.
Mariene Lopes da Silva - Psicóloga e terapeuta de casais
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