Antes de iniciar esse texto, dedico minhas próximas palavras à todas as mulheres que hoje precisam de um abraço um pouco mais apertado de si mesmas.
Recentemente descobri que precisava mudar alguns hábitos. Percebi, ao ficar frente a frente com as partes que mais julgava de mim mesma, que talvez eu não me amasse tanto quanto explanava para as outras pessoas. Ao direcionar meu olhar para mim mesma, pude vislumbrar que há muito havia deixado de me abraçar, de me gostar. Sabe quando você se olha no espelho e o reflexo que te fita parece ser pertencente a um outro ser?
Me sentia assim internamente, reconhecendo partes de mim que pareciam não ser tão minhas- se não irreconhecíveis, pouco semelhantes ao que um dia me lembrava.
O trabalho de se acolher é árduo quando você passou tempos cuidando de outras coisas. Por vezes, pode ser mais fácil se julgar ou se culpar por não ter estado lá por si mesma quando você precisou. O que não te contam sobre o autocuidado é que para quem pouco se cuidava, ele não é natural- na verdade, ele é um exercício diário de tentativas e erros, de possíveis sentimentos de invalidez e de culpa por estar se colocando em primeiro lugar.
Se você já sentiu isso, querida leitora, preciso lhe informar que você não está sozinha. Muitas de nós já passamos por isso em algumas fases se nossas vidas. De maternidade à constituição psíquica, às vezes é difícil se colocar em primeiro lugar, porém não é impossível.
Se acolher, se cuidar e se amar pode ser estranho no começo, pois é tentador voltar à antigos hábitos.Todavia, mudar aos poucos é necessário para que algo dentro de si se faça diferente, se faça mais gentil consigo. É doloroso não receber um afago próprio.
Talvez relutamos tanto na hora de mudar pois estamos acostumados com o que vivíamos anteriormente, ou porque estamos tendo algum ganho secundário com aquele comportamento ou até mesmo porque não sabemos como começar uma mudança. Não existe uma fórmula pronta: a mudança é feita aos poucos, com pequenos e singelos atos que mostram que você pode fazer diferente, mesmo que não pareça um grande feito (acredite, grandes feitos podem ser pequeninos).
Comece, mesmo que devagar, mesmo que sutilmente, apenas se ame um pouco mais hoje do que se amou ontem e assim sucessivamente.
Estamos juntas nesse processo, leitora. E, apesar de ser lento, gradual e difícil, futuramente iremos nos agradecer por ter começado com um pequeno ato de amor próprio hoje.
Observação: segundo artigo publicado em 2020 na Harvard Business Review, as mulheres apresentam menor autoestima e menor segurança em relação aos homens até atingirem os 40 anos de idade, momento em que a autoestima se iguala em ambos os sexos.
Maria Angélica Nechar - Estudante de Psicologia da UFTM
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