No mundo da segurança de dados e processamento de pagamentos, a tokenização é a prática de proteger dados sensíveis substituindo-os por um token — uma sequência única e não sensível de símbolos gerados aleatoriamente por um algoritmo que não tem significado ou valor explorável. O token é um identificador único que se vincula aos dados originais, mas não pode ser decifrado ou "quebrado" para acessar as informações originais, que são mantidas seguras em um servidor centralizado ou "cofre de tokens" que normalmente reside fora do ambiente de TI de uma organização. A única maneira de ver os dados originais é usando o sistema que criou o token.
Durante o Tokenize 2024, evento promovido pela Febraban e Núclea, no dia 10 de outubro, no Rio de Janeiro, um dos assuntos discutidos foi justamente a tokenização, que por muito tempo esteve relacionada à economia e meios de pagamentos. Contudo, essa tecnologia veio para ficar e caminha para uso em maior escala. Na Tokenize, uma das palestras lembrou o caso da criptoeconomia, que inclui a tokenização e já deixou de ser um conceito distante tornando-se uma realidade concreta, especialmente em mercados regulados.
Mas, por que a tokenização é importante? Comecemos pelo seu conceito, que desempenha um papel importante na proteção de dados sensíveis, como informações de contas financeiras, números de cartão de crédito, informações de identificação pessoal, registros médicos e outros dados confidenciais e importantes. A transformação digital levou a um crescimento exponencial de informações e foi acompanhada por um rápido aumento no crime cibernético, com invasores buscando roubar e explorar uma ampla gama de dados sensíveis. A tokenização é crítica para a resiliência cibernética, proteção contra vazamento de dados e proteção contra violação de dados, ajudando as organizações a evitarem os resultados adversos que acompanham ataques cibernéticos devastadores.
Quanto à utilidade, a tokenização tem sido tradicionalmente usada para proteger dados de cartão de crédito, números de contas bancárias, detalhes de pagamento e outras informações financeiras armazenadas em servidores. No entanto, recentemente a tokenização se expandiu para proteger outros tipos de informações, incluindo, números de previdência social, números de carteira de motorista, números de passaporte e outros tipos de identificadores; dados médicos ou informações de seguro de saúde; detalhes sobre educação e emprego; além de endereços de e-mail, endereços postais e números de telefone.
Ainda, a tokenização desempenha um papel essencial em muitos processos digitais, tais como:
Pagamentos – Neste caso, e tokenização permite que informações sobre cartões de crédito e contas financeiras sejam transmitidas pela internet ou por várias redes sem expor dados sensíveis. Ao proteger informações financeiras dessa forma, a tokenização permite o comércio e as comunicações financeiras, ao mesmo tempo em que impede que hackers roubem ou dupliquem dados financeiros.
Blockchain - É um livro-razão descentralizado que existe em uma rede de computadores distribuída para registrar transações digitalmente. Nesse ambiente, a tecnologia blockchain usa tokenização para criar uma representação digital de um ativo. Ativos digitais podem ser itens físicos como arte, ativos financeiros como ações ou títulos, ativos intangíveis como propriedade intelectual ou tokens não fungíveis (NFTs) que não podem ser replicados e fornecem prova digital de propriedade que pode ser comprada e vendida.
Contratos inteligentes - Um contrato inteligente é um aplicativo que é executado automaticamente quando condições específicas são atendidas — os termos de um contrato inteligente são estabelecidos em código em um blockchain que não pode ser alterado.
Vou tentar explicar aqui de forma mais didática possível, sem apoio de um gráfico, como funciona essa tecnologia chamada tokenização. Vamos lá!
O processo de tokenização gera tokens de várias maneiras: por meio de algoritmos matemáticos reversíveis, por meio de funções criptográficas não reversíveis unidirecionais ou por meio de tabelas estáticas que geram valores de token aleatoriamente. Uma vez gerado, o token digital se torna a informação exposta que é armazenada em servidores enquanto as informações confidenciais permanecem seguras dentro de um cofre de tokens. Para tokens no setor financeiro, o cofre normalmente fica no gateway de pagamento de um comerciante e é o único lugar onde o token pode ser mapeado de volta para os dados confidenciais que ele representa.
Destacando a tokenização Vaultless (técnica que protege dados em repouso e em uso, substituindo-os por tokens aleatórios para reduzir riscos de segurança) oferece uma alternativa ao tradicional token vault. Neste cenário, informações sensíveis são tokenizadas usando um algoritmo reversível, o que impede a necessidade de armazenar as informações originais em um vault.
Entre os principais benefícios da tokenização estão:
Proteção de dados - Soluções de tokenização minimizam o impacto de uma violação de dados tornando os dados ilegíveis para hackers. Mesmo quando os invasores obtêm acesso a dados tokenizados, eles não conseguem lê-los, a menos que acessem o cofre seguro correspondente onde os dados reais estão armazenados.
Conformidade - A tokenização fornece às organizações uma maneira mais fácil de cumprir com regulamentações como o Payment Card Industry Data Security Standard (PCI DSS). Essa estrutura regulatória exige que os varejistas não armazenem números de cartão de crédito em terminais de ponto de venda ou em bancos de dados após transações de clientes. A tokenização fornece uma maneira acessível de cumprir com as regulamentações do PCI DSS, minimizando o número de sistemas que têm acesso a informações confidenciais, reduzindo assim o escopo potencial de exposição de dados confidenciais.
Manutenção - A tokenização geralmente não exige que as equipes de TI atualizem constantemente os sistemas para atender aos padrões em evolução.
Compatibilidade - A tokenização é frequentemente uma solução de segurança mais compatível do que a criptografia para sistemas legados.
Eficiência - A tokenização também consome menos recursos do que processos de criptografia.
Finalizando, ressalto que os processos de tokenização normalmente usam vários tipos de tokens. São eles: Tokens de moeda/pagamento, que existem somente como uma forma de pagar por bens e serviços; Tokens de utilidade, que oferecem algo além de um meio de pagamento. Um token de utilidade pode oferecer acesso direto a uma plataforma ou produto ou desconto em ofertas futuras; e Tokens de ativos/segurança, ou tokenização de ativos, que é o processo de criação de um token que oferece um retorno positivo sobre o investimento, semelhante a um título ou patrimônio.
Até então, o processo da tokenização se apresenta como uma tecnologia segura e inviolável, a não ser que a revolucionária inteligência artificial (IA) altere essa realidade. O que eu não duvido muito!
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