Anunciação! Palavra que singrou o oceano desaguando nesse territórioQuilombo Brasil. Um olhar fotográfico acompanha essa jornada, essa encruzilhada de saberes tão antigos quanto o chão que pisamos. A fotografia reveste-se de africanidade, de clicks produtores de reparação social. Fotografar, grafar mulheres negras tornam-se a oportunidade de mudar o próprio destino. Parece pouco? Mas não é! A fotografia fia um tecido que encobre dores, amores, clamores, louvores guardados na caixa secreta do peito.
O Projeto Ongusu, criado pela fotógrafa e multiartista Renata Reis desde 2016, produz esse efeito poderoso de ampliar a luminosidade presente em cada rosto, mas que por inúmeras razões perderam o brilho no decorrer da vida. Ongusu na língua umbundu de Angola, significa ‘’força’’. A mesma força vista na fotografia, a mesma força presente nos semblantes, vivenciado no reflexo de quem lutou e luta contra as amarras criminosas do racismo.
Mas a fotografia tem o poder curativo de suplantar o racismo no corpo? Não sei responder, mas posso garantir que o antes e depois dessas mulheres fotografadas depois do Projeto Ongusu produz um sentimento muito poderoso internamente. Infelizmente, os racistas ainda existirão na face da terra! Em contrapartida, a fotografia do Projeto Ongusu também. Pelas lentes de Renata Reis, famílias inteiras que transitam no entorno das mulheres fotografadas são afetadas. Qual a extensão dessa mudança? Não sei precisar! Só sei sentir o corpo vibrar em cada relato, em cada história de resistência explicitada por elas mesmas. A fotografia alinha outros capítulos de dias mais vindouros e afetuosos. A fotografia torna-se aliada ao ser suporte alado, seja pela exposição que acontecerá no dia 28 de Novembro no Centro Cultural Cecília Palmério, seja pelos outdoors espalhados pela cidade, seja pela necessidade urgente de vermos a outra que nos rodeia com mais amor, mais AfroAmor.
O Projeto Ongusu: reafirma,reconstrói, restaura, renova, revigora, representa, revoluciona, recompõe, refaz, repercute, realinha, respeita, resplandece, ressoa, realça, reformula, ressalta, retoma, reconquista, RêAlma. Tudo que disser ainda será muito pouco!
A força do Projeto Ongusu está em criar um Quilombo de imagens e de afeto. Todo o processo de fotografar é revestido de amor, de zelo, de um cuidado que transcende o ato de fotografar. É mais que isso! A força do Projeto Ongusu reabastece, resplandece, resguarda, ressignifica a vida tão afetada cruelmente pelo racismo, pela violência, pela ausência de sonhar. Uma dica! Não é somente uma fotografia impressa!
A fotografia de Renata Reis efetiva esse poder de unir, de recriar momentos, de reconfigurar esperanças, de realimentar a alma com bons sentimentos que sempre foram negados à comunidade afro-brasileira.
Não estou exagerando! Fica o convite para ver de perto uma exposição que une Áfricas e Brasis, tambores e vozes feminines numa narrativa de empoderamento e de reparação racial através das lentes e dos olhares sensíveis de Renata Reis.
Ongusu!
Neste ano, 15 mulheres foram fotografadas. As fotos foram realizadas em julho de 2024 e neste encontro puderam fortalecer a rede de apoio e afeto proporcionada pelo projeto Ongusu. Um outdoor com todas as 15 mulheres fotografadas nessa edição já está em circulação na Av. Leopoldino de Oliveira, em frente ao terminal de oeste de ônibus, e toda a população segue convidada a conferir.
A exposição ficará em cartaz por 30 dias no CCCP (Av. Guilherme Ferreira, 2017) e o lançamento acontece no próximo dia 28 de novembro, às 19h, com entrada gratuita e aberto ao público.
Ficha Técnica
Realização: Renata Reis Fotografia
Idealização, coordenação e fotografia: Renata Reis
Jornalista: Agnes Maria anjos
Maquiadora: Nathatia Vaz
Styling: Kelly Balduino
Assistente de Produção: Luciene Oliveira
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