O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) foi eleito neste sábado, 1º, presidente do Senado pelos próximos dois anos, com 73 dos 81 votos. A reunião preparatória começou pouco depois das 10h e, durante as falas dos candidatos, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) retiraram suas candidaturas. Concorreram ao cargo, junto com Alcolumbre, os senadores Marcos Pontes (PL-SP) e Eduardo Girão (Novo-CE).
Com um histórico político robusto e forte articulação, o senador retorna ao comando do Senado, cargo que ocupou entre 2019 e 2021. Alcolumbre, de 47 anos, teve o apoio de nove dos 12 partidos representados na Casa, além de três senadores do Podemos, cuja bancada foi liberada. O Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Eduardo Girão (Novo-CE) receberam quatro votos cada um.
Em sua fala, Davi Alcolumbre se declarou um “defensor intransigente” do diálogo, da construção coletiva e de soluções compartilhadas. “Vocês me conhecem, sabem do meu compromisso verdadeiro com essa instituição e com o Brasil. Acima de tudo, com a população que confia em cada um de nós para representar os seus sonhos e as suas esperanças”, disse. “Para mim, governar é ouvir e liderar é servir. É disso que o nosso país precisa agora. Uma liderança que una e não que divida”.
Marcos Pontes, por sua vez, avaliou que o país “clama por mudanças”. “O povo está aflito. Nossos eleitores nos pedem: ‘Façam alguma coisa’”, disse. “Estamos diante de um momento crucial. Precisamos escolher entre a estagnação e a mudança, entre o conforto e a luta. Precisamos restaurar a força e a credibilidade dessa casa. Precisamos garantir que as vozes da população sejam ouvidas e que os valores democráticos sejam sempre respeitados.”
Já Eduardo Girão propôs restaurar a imagem do Senado que, segundo ele, é “péssima”. “Nosso grande problema foi não ter enfrentado o reequilíbrio entre os poderes, que foi perdido. A censura voltou ao Brasil depois da redemocratização, e o Senado ficou assistindo à censura. A Constituição é rasgada dia sim, dia não aqui, do nosso lado. E este Senado se acovarda. Todos nós somos responsáveis pela derrocada desta Casa”.
O presidente do Senado é também o chefe do Poder Legislativo e, portanto, é ele quem preside o Congresso Nacional. Entre as funções do cargo estão empossar o presidente da República e convocar extraordinariamente o Congresso Nacional em caso de decretação de estado de defesa nacional ou de intervenção federal. É ele também quem recebe os pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Cabe ainda ao presidente do Senado definir a pauta das sessões da própria Casa e do Congresso como um todo. A eleição, secreta e realizada em cédulas de papel, exige a maioria absoluta dos votos dos senadores (mínimo de 41). Se nenhum candidato alcançar o número, é realizado segundo turno com os dois mais votados. Ainda assim, são necessários, no mínimo, 41 votos para eleger o presidente da Casa.
O respaldo de Alcolumbre é visto como quase unânime, com apoio de governistas e opositores. A eleição de hoje, que também ocorre paralelamente à da Câmara dos Deputados, marca um retorno significativo do político, que preside atualmente a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a mais importante da Casa.
Em sua trajetória, Alcolumbre, de origem judaica, já demonstrou habilidade em articular alianças políticas que superam as diferenças partidárias. Apesar de sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu primeiro mandato como presidente do Senado, a amizade não impediu que, em momentos de tensão, ele mantivesse a independência nas decisões da Casa.
Agora, embora continue mantendo um diálogo aberto com o governo Lula, Alcolumbre deverá adotar um perfil mais independente, ao contrário do estilo de seu sucessor, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que se aproximou do Executivo petista durante seu período à frente do Senado.
*Com informações da Agência Senado
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