Política externa não foi um tema muito discutido pelos candidatos no primeiro turno, mas ele promete ser um desafio para o futuro presidente da República. O programa de assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PSL) não tem um coordenador oficial declarado. A proposta de relações externas de Fernando Haddad (PT) é inspirada por Celso Amorim, ex-chefe do Itamaraty. Mangabeira Unger, ex-secretário de assuntos estratégicos, conduz os planos de Ciro Gomes (PDT) para a área.
Conheça as opiniões dos concorrentes sobre alguns temas essenciais de política externa
1) Venezuela – Mais de 2,3 milhões de venezuelanos deixaram o país desde 2014 em busca de emprego e segurança. Perto de 60 mil deles vieram para o Brasil, muitos foram alvos de ataques xenofóbicos em Roraima.
Bolsonaro. Favorável à criação de campos de refugiados para receber migrantes na fronteira e à saída de Nicolás Maduro do poder.
Haddad. Retomada do diálogo diplomático com a Venezuela de Maduro e reconhecimento dos direitos de refugiados do país vizinho no Brasil.
2) América Latina – As propostas de integração regional para negociar em bloco com as grandes potências balançam diante das divergências políticas internas e as propostas de acordos bilaterais com EUA e China.
Bolsonaro. Fim da “ideologização” da política exterior brasileira e fortalecimento de laços com países latino-americanos “livres de ditaduras”.
Haddad. Diplomacia “Sul-Sul” (entre os países do Hemisfério), incluindo África, e prioridade a blocos multilaterais, como o Mercosul e a Unasul.
3) EUA e China – O governo Trump impôs uma série de sobretaxas sobre as mercadorias chinesas, cujo baixo preço afeta as indústrias estrangeiras, e sofreu retaliações comerciais, numa disputa que ultrapassa US$ 100 bilhões.
Bolsonaro. Restrição a investimentos chineses no Brasil e aproximação com EUA, Israel e Taiwan. Prioridade para redução de tarifas e acordos bilaterais.
Haddad. Fortalecimento dos laços com os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). Política externa ativa, independente e multilateral.
4) Aquecimento global – O Acordo de Paris, assinado por 195 países, propõe a cortar poluentes do efeito estufa. O Brasil se comprometeu a reduzir emissões de CO2 em 43% até 2030 e reflorestar 12 milhões de hectares. O Ministério da Agricultura calcula que o país gastará US$ 40 bilhões para implementar as medidas
Bolsonaro. Defesa da saída do Acordo de Paris, como os Estados Unidos fizeram, pois o tratado fere a soberania e tem um preço elevado para o país.
Haddad. Apoio ao Acordo de Paris e redução de até 46,5% nos impostos sobre investimentos “verdes” (de baixo impacto ambiental).
5) Nações Unidas – Desde o governo FHC o Brasil busca protagonismo no organismo, e um dos pilares da política externa de Lula era ter vaga permanente no Conselho de Segurança. As Nações Unidas enfrentam críticas pela inação em crises internacionais, como as de Ruanda e Bálcãs, e pelo custo de sua burocracia. Recentemente, o governo Trump abandonou alguns de seus órgãos.
Bolsonaro. Crítico ao Comitê de Direitos Humanos – principalmente após ele ter defendido a candidatura de Lula. Não deseja se retirar da ONU.
Haddad. Reforma da Organização das Nações Unidas e do Conselho de Segurança para incluir países em desenvolvimento.