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Cidade LGBTQIAPN+

HOMOSSEXUALIDADE OU HOMOAFETIVIDADE?

Entenda sobre as diferenças dos conceitos de sexualidade e afetividade, e os pontos em que eles se encontram.

20/05/2024 05h00
Por: Laís Corpa
HOMOSSEXUALIDADE OU HOMOAFETIVIDADE?

 

Olá, leitorxs!

 

Antes de falar sobre o tema dessa semana, não poderia deixar de mencionar a importância do dia 17 de Maio (sexta-feira passada) para a comunidade LGBTQIAPN+. A data é considerada como o dia internacional da luta contra a LGBTQIAPN+fobia, pois, nesse mesmo dia, em 1990, a homossexualidade foi retirada do Código Internacional de Doenças (CID), representando um grande marco na luta pelos direitos das pessoas LGBTQIAPN+.

 

Isso posto, vamos ao assunto da semana, falaremos um pouco sobre as diferenças dos conceitos de sexualidade e afetividade, e os pontos em que eles se encontram. 

 

Vocês já devem ter escutado ou até lido por aqui os termos homossexualidade/ homoafetividade, heterossexualidade/ heteroafetividade, etc. Mas, afinal de contas, significam a mesma coisa ou existe uma diferença?

 

Bom, a distinção fundamental entre sexualidade e afetividade reside no foco e na natureza das experiências envolvidas. A sexualidade é primordialmente centrada no desejo e na atração física, buscando satisfação e prazer sexual. É uma manifestação das necessidades biológicas e psicológicas do indivíduo, que pode ser influenciada por fatores hormonais e culturais.

 

A afetividade, por outro lado, é centrada nos sentimentos de carinho e amor. Ela envolve a construção e manutenção de laços emocionais, proporcionando segurança e bem-estar emocional. Enquanto a sexualidade pode ser momentânea e específica, a afetividade tende a ser mais duradoura e abrangente, influenciando de maneira mais profunda o comportamento e as relações interpessoais.

 

Até os dias de hoje, justamente pela conquista do dia 17 de Maio de 1990, o termo homossexualidade (e não homossexualismo) deve ser muito celebrado, pois a palavra homossexualismo fazia refrência a algo patológico. Mas, os estudos acerca de orientação sexual e identidade de gênero, felizmente, foram avançando e chegamos na questão da afetividade. 

 

Hoje, por exemplo, é possível que uma pessoa se defina como bissexual, mas homoafetiva. Ou seja, se trata de uma pessoa que sente atração física por ambos os gêneros, mas só consegue construir laços emocionais em uma relação por um deles. 

 

Para ficar mais claro, recentemente, no BBB 23, a influencer Bruna Griphao se declarou justamente assim. Ela disse que sente atração sexual por homens e mulheres, mas só consegue estar em relações amorosas com homens.

 

E isso se dá por várias razões, pois cada pessoa constrói seus afetos de forma diferente. No meu caso, por exemplo, o afeto está diretamente relacionado com a admiração, e em um contexto de relacionamento romântico, eu só consigo admirar mulheres. Então, eu me considero uma pessoa homossexual e homoafetiva, baseado na forma que eu me atraio sexualmente e na forma que eu entendo o meu afeto.

 

Mas, apesar das diferenças, sexualidade e afetividade frequentemente se inter-relacionam e se complementam. Em muitos relacionamentos, a sexualidade pode ser uma expressão de afetividade, em que o desejo sexual é alimentado por sentimentos de amor e carinho. Assim como a intimidade sexual pode fortalecer os laços emocionais, criando uma conexão mais profunda entre os parceiros. E, da mesma forma, um relacionamento afetivo saudável pode enriquecer a vida sexual, tornando-a mais satisfatória e significativa.

 

Além disso, existem situações em que esses conceitos vão se colidir, que é o caso das pessoas demissexuais, pois pessoas demissexuais são aquelas que só sentem atração sexual por alguém com quem já estabeleceram uma forte conexão emocional. Ou seja, a pessoa precisa ter um vínculo afetivo para que haja desejo sexual. Então, nesse caso, a sexualidade e a afetividade se entrelaçam e estão no mesmo lugar.

 

Portanto, como vocês podem ver, a princípio, são termos e conceitos complicados, e permeados por linhas tênues, mas são discussões muito importantes na grande jornada do entendimento das relações humanas. Os estudos sobre a sexualidade, fora do âmbito biológico e com foco nas relações sociais, são relativamente novos e, por isso, ainda passarão por várias mudanças de entendimentos, termos e nomenclatura.

 

Mas, a minha proposta para vocês é sempre a mesma: o autoconhecimento. Pois, como eu sempre digo por aqui, nós só podemos nos reconhecer como parte um grupo, se nos conhecermos primeiro. Então, aproveito para deixar o convite para que vocês olhem e reflitam sobre a sexualidade e a afetividade de vocês.

 

Obrigada e até semana que vem!



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